NÓS

Chapter 27: Capítulo 26



Chapter 27: Capítulo 26

Eram seis horas da noite quando acordei com o barulho vindo da sala, provavelmente eram os

meninos.

Alguém podia avisá-los que ainda eram quarta-feira?

Joguei uma água no rosto pra despertar antes de ir em encontro a eles. Os mesmos estavam bebendo

e comendo petisco na sala, única coisa que eu esperava era que Gabriel limpasse tudinho depois que

eles fossem embora porque eu me recusava.

— A madame acordou — Victor levantou e deu um abraço de lado.

— Cheia de remela — Alex fez cara de nojo e riu logo em seguida. Como ele amava me perturbar.

Eu e Diego nos olhamos rápido, sabia que qualquer coisa que ele tivesse que falar seria fora daqui e

eu idem. Me sentei no sofá cruzando as pernas e fiquei mexendo no telefone respondendo algumas

mensagens que eu não tinha respondido durante o dia.

Victor me ofereceu uma cerveja e eu recusei, não estava em clima pra beber.

— Desculpas não sabia que você deixou de ser pinguça, senhora gospel — gargalhei.

— Se manca, eu nunca fui pinguça — todos eles riram.

Não estava vendo a graça.

— Ai, loirinha — Victor colocou a mão na barriga — Você serve pra ser piadista, sabia?

— Não, espera ai — me ajeitei no sofá — Sério que vocês estão tentando me comparar com vocês?

— O que tem a gente? — Gabriel arqueou a sobrancelha.

— Vocês são quase alcoólatras, sabem disso não é? — ri.

Estava desacreditada que eles estavam seriamente me comparando com eles. Só podia ser

brincadeira.

— Não concordo — Alex virou a cara e fez bico —a gente apenas bebe como se não houvesse o

amanhã mas acho que isso não é um problema.

— Porque realmente não pode haver o manhã — completou Gabriel abrindo uma cerveja — Então é

sempre bom aproveitar, não é?

— Quando eu acho que não pode piorar...— Diego balançou a cabeça negativamente. Property belongs to Nôvel(D)r/ama.Org.

— Você não tem direito de fala, Dora aventureira — Alex o zoou e nós rimos.

Pela glória do senhor não estava sentindo nem tonturas e enjoos, bom, pelo menos até agora não.

Acho que eu merecia pelo menos um dia de paz.

Nós ficamos conversando e lembrando de algumas coisas que aconteceram, eu estava morrendo de

saudades de lá. Quando foi lá para umas nove horas eles pediram pizza e eu nem lembrei de que eu

poderia vomitar toda ela assim que eu acabasse de comer, estava morta de fome.

A pizza chegou e eu a devorei.

Não foi nada diferente, foi questão de minutos pra que eu fosse no banheiro sem que os meninos

desconfiassem de algo e colocar tudo pra fora.

— Está tudo bem? — me assustei com Diego encostado no batente da porta, não tinha percebido a

presença dele.

— É só essa ânsia de vomito que não passa — abaixei tampa do vaso e apertei a descarga — Eles

vão desconfiar de nós, é melhor vo...

— Gabriel está caído no sofá e Alex e Victor foram embora um pouco depois que você saiu — colocou

as mãos no bolso da bermuda.

Não disse nada, me levantei, joguei uma água no rosto e escovei meus dentes.

— Marquei a ultra, é amanhã — se sentou na beirada da cama — Se você quiser eu te busco na

escola e a gente vai direto.

— Por mim tudo bem — suspirei— Obrigada — o olhei.

Nos encaramos por segundos até Diego se aproximar e entrelaçar seus dedos no meu cabelo me

puxando pra mais perto, fazendo nossos rostos ficarem bem próximos um do outro. Ele encostou

nossos lábios e deu início um beijo lento e calmo. Aos poucos foi se inclinando fazendo que ficasse

por cima de mim e levemente apertou minha cint

Não entendia o porque que nessas horas todo ódio sumia e só tesão falava mais alto.

Quando caímos na real nos desgrudamos rapidamente e aos poucos controlamos a respiração. Tanto

eu quanto ele tínhamos esquecido completamente de Gabriel que estava em casa e a qualquer

momento podia entrar no quarto.

Não gostava nem de imaginar o inferno que ia ser.

— É... —coçou a cabeça — Foi mal, nã..

— Isso não pode acontecer mais — me levantei — Angra foi um erro, não po..

— É, você tem razão — deu um sorriso fraco — Foi um erro, não vai mais acontecer — disse seco —

Até amanhã, boa noite, Manuela.

Diego era uma pessoa muito complicada e difícil de se decifrar, eu não sabia o que ele tinha

entendido, se tinha ficado com raiva ou sei lá o que.

Não dava pra entender esse homem.

Dei ombros e me sentei na cama, respirei fundo enquanto passava a mão entre os cabelos. Tentava

entender o que estava acontecendo, minha cabeça de uma hora para outra tinha se tornando um

turbilhão e eu pensava no passado, no futuro e no presente. Fui da Manuela que vivia apenas o

momento à Manuela que tenta entender e viver os três tempos de uma vez só.

Vesti meu pijama e me deitei, estava cedo, liguei a televisão e coloquei em um filme. Eu implorava por

uma distração, era quase impossível não pensar no amanhã, o dia da ultrassonografia. Era o dia em

que eu iria ter certeza se estava sendo gerado ou não em meu ventre. O dia que eu iria saber o que

seria do meu destino daqui pra frente.

Eu estava nervosa e muito.

Quando você nunca se imagina passando por isso e de uma hora pra outra você está nessa situação

é desesperador.

Sempre que pensava muito minha cabeça começava a doer, me levantei e fui até o banheiro tomar um

remédio antes que piorasse. Assim que tomei o mesmo me deitei novamente, me cobri até a cabeça

por conta do ar condicionado e fechei os olhos esperando o sono vir.

Amanhã seria um longo dia e eu tinha tomado minha decisão caso eu realmente estivesse grávida.

Eu não iria ter o bebê.


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